segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Janelas de Verão

  

Às vezes sento-me assim, de cabelos soltos à brisa, na madeira da janela. Deixo os pés a baloiçar enquanto encontro mais uma nuvem num céu demasiado azul, e vibro ao sentir cada palpitar do minúsculo ser que salta no meu peito. Era, realmente, bom que tudo fosse assim simples. Um verdadeiro sistema de matéria interligada, electrões rodopiantes associados a cada nosso suspiro íntimo: «Eu gosto de ti.» carregado no peito, exalado na mente, e enviado num espaço de encontrões e desencontrões entre partículas e mais partículas até atingir a meta final. E da minha simples janela, afastada de um mundo tão grande, de um modo mais ou menos telepático, teria um mundo inteiro a conhecer - sem grandes problemas e complicações virtuais - tudo o que queria mostrar, de cá de dentro para fora. Era simples, mas não é: e assim, ao invés de tudo, ficar sentada na janela tem tido um peso cada vez maior e o céu, pobre de estrelas, já se pinta noutros tons. Suspiro.
Devia saltar a janela.

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